Mensagem do dia

18 junho 2015

O " VELHO" COMO CONTADOR DE HISTÓRIAS.

Dividindo com vocês as palavras da Srª Eneida Souza Cintra – Psicóloga
Boa leitura.

O "velho" como contador de histórias.
Embora querendo me dirigir à terceira idade, começo fazendo uma retrospectiva e um paralelo entre os atuais “sessentões” e os “trintões”.
Existem verdades irrefutáveis:
Aos mais velhos: todos foram  bonitinhos, mocinhos, “durinhos”, magrinhos.
Aos mais jovens: todos chegarão às rugas, à calvície ou ao cabelo branco.

Durante este processo, todos passaram do riso infantil à contestação da adolescência, enfrentando o famoso conflito de gerações. Atingindo a fase adulta definimos com um pouco mais de clareza nossos valores buscando dirigir a vida com maior independência.
Ultrapassada estas fases, há o preparo para a vida prática. Nesta época, é comum já estar-se em companhia de alguém que, tendo feito um trajeto semelhante conseguiu seqüestrar sentimentos afetivos, surgindo o desejo do compartilhar, inerente ao ser humano tanto biologicamente como psicologicamente.

No entanto, embora todos tenham passado por estas etapas e outros ainda o farão, noto uma grande diferença entre estas duas gerações enquanto esforço para ultrapassar estas fases que devem ser sempre muito lembradas, até exaltadas pelos mais velhos:
– as faculdades em menor número exigiam do candidato dedicação plena: não havia férias, feriados e fins de semana
– em sendo a classe média extremamente diminuta nem todos conseguiam atingir o patamar do nível universitário; assim, a luta pela sobrevivência começava mais cedo: antes dos dezoito anos já se trabalhava de estafeta, de vendedor, optava-se pelo funcionalismo público para ser “escriturário”, pequeno comerciante, etc.

Absolutamente não quero dizer que tenham desaparecido estas funções;  apenas que as opções da época estavam mais voltadas a este perfil quando viam inviabilidade de uma formação universitária. Não havia a possibilidade de “esticar” a adolescência.

Com todo este preâmbulo, o que quero dizer é que a responsabilidade sobre a própria vida, a busca para sair do ovo materno, a luta pela independência me parece ser mais pertinente à geração mais velha do que a atual, pois não se tinha possibilidade de escolha: ou ingressava-se rapidinho no terceiro nível ou ia-se trabalhar para ajudar tanto a família como a si próprio constituindo novo núcleo.

Sobressaio isto porque não é incomum a tendência do mais velho olhar para trás e pensar naquilo que poderia ter feito e não naquilo que de fato produziu, fez, lutou.
O fato de estar, algumas vezes aposentado, leva-o a viver e sentir apenas o presente ajuizando-se sem utilidade, rejeitado por não mais produzir, empurrando-o a um estado deprimido.
Não quero denegrir o jovem atual, mas gostaria de lembrar aos mais velhos o quanto se sobressaiu no decorrer da vida, o quanto se doou para chegar ao sustento da família, o quanto valor existiu na luta, quantas passagens difíceis foram superadas, com que orgulho deve olhar para os descendentes sabendo-se colaboradores maiores desta juventude, mesmo estando os filhos entre aqueles que não tendo obtido o êxito esperado, mantém os pais como provedores.

Meu convite é para que todos pensem nas suas vitórias, nas suas origens, nas transformações que propiciaram na vida dos outros, na própria vida e a grande colaboração que fizeram junto à sociedade.

Colaborando com este quadro, a sociedade esquece que os benefícios que vivem no presente, devem-se ao passado construído por aqueles que estão com idade mais avançada.
Ao invés de colherem informações, de exaltarem as construções feitas nos mais diversos setores e transformarem o “velho” numa escola de aprendizes, além  ignorá-los, não é incomum imprimir-se um tom de menosprezo.
A pouca valorização é injusta principalmente por ser regra da natureza a passagem por todas estas etapas.

Não querendo absolutamente denegrir o trabalho de historiadores (pelo contrário, exalto-os), é muito interessante ouvir as experiências vividas, é muito rico tomar conhecimento através de depoimentos de quem viveu a história com os detalhes que envolvia família, preocupações, atitudes tomadas, mudanças que precisaram acontecer mediante algum fato significativo (política, revoluções, o aparecimento da tecnologia, as transformações de hábitos sociais,)etc.

Poderíamos dizer que o que estudamos nos livros seria completado com o relato oral ou com um registro “caseiro” que vem certamente carregado de emoção.

Treinar o ouvido atentando às informações que o idoso tem a ofertar é, não só benefício para ele que se sentirá sustentado e apoiado como também fonte riquíssima de aprendizagem podendo-se fazer paralelos entre o hoje e o ontem.

Faz-se necessário enaltecer a todos que, em relação aos anos vividos, relembrar com satisfação o que fizeram, imprimir  alegria nas conquistas, olhar o que passou carregado de satisfação.

Façamos do “velho” um grande contador de histórias! Todos terão  muito a ganhar!
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2 comentários:

  1. Que texto lindo e verdadeiro e que todos saibam passar pelas suas fases da vida, uns respeitando e valorizando os anos dos outros! Adorei! bjs, chica

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  2. Oi Eliene..quanto tempo? Tudo bem?
    Ehh os tempos passam, mas é difícil olhar para o futuro sem olhar para trás... algumas lembranças boas e outras nem tanto... mas vamos confiantes em Deus...

    Um grande beijo e aparece no Infinito...
    Cris

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Para você tudo de bom e um carinho sempre novo em agradecimento pela sua presença no fim do arco iris. Abraços.

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