Mensagem do dia

01 outubro 2017

Quando os filhos voam...

Sei que é inevitável e bom que os filhos deixem de ser crianças e abandonem a proteção do ninho.
Eu mesmo sempre os empurrei para fora. Sei que é inevitável que eles voem em todas as direções como andorinhas  adoidadas.
Sei que é inevitável que eles construam seus próprios ninhos e eu fique como o ninho abandonado no alto da palmeira…
Mas, o que eu queria, mesmo, era poder fazê-los de novo dormir no meu colo…

Existem muitos jeitos de voar.  Até mesmo o vôo dos filhos ocorre por etapas. O desmame, os primeiros passos, o primeiro dia na escola, a primeira dormida fora de casa, a primeira viagem…

Desde o nascimento de nossos filhos temos a oportunidade de aprender sobre esse estranho movimento de ir e vir, segurar e soltar, acolher e libertar.
Nem sempre percebemos que esses momentos tão singelos são pequenos ensinamentos sobre o exercício da liberdade.
Mas chega um momento em que a realidade bate à porta e escancara novas verdades difíceis de encarar.

É o grito da independência, a força da vida em movimento, o poder do tempo que tudo transforma.
É quando nos damos conta de que nossos filhos cresceram e apesar de insistirmos em ocupar o lugar de destaque, eles sentem urgência de conquistar o mundo longe de nós.

É chegado então o tempo de recolher nossas asas. Aprender a abraçar à distância, comemorar vitórias das quais não participamos diretamente,  apoiar decisões que caminham para longe. 
Isso é amor.
Muitas vezes, confundimos amor com dependência.
Sentimos erroneamente que se nossos filhos voarem livres não nos amará mais.
Criamos situações desnecessárias para mostrar o quanto somos imprescindíveis.
Fazemos questão de apontar alguma situação que demande um conselho ou uma orientação nossa, porque no fundo o que precisamos é sentir que ainda somos amados.
Muitas vezes confundimos amor com segurança. Por excesso de zelo ou proteção cortamos as asas de nossos filhos.

Impedimos que eles busquem respostas próprias e vivam seus sonhos em vez dos nossos. 
Temos tanta certeza de que sabemos mais do que eles, que o porto seguro vira uma âncora que os impede de navegar nas ondas de seu próprio destino.
Muitas vezes confundimos amor com apego.
Ansiamos por congelar o tempo que tudo transforma. Ficamos grudados no medo de perder, evitando assim o fluxo natural da vida. Respiramos menos, pois não cabem em nosso corpo os ventos da mudança.

Aprendo que o amor nada tem a ver com apego, segurança ou dependência, embora tantas vezes eu me confunda.
Não adianta querer que seja diferente: o amor é alado.

Aprendo que a vida é feita de constantes mortes cotidianas, lambuzadas de sabor doce e amargo. Cada fim venta um começo. Cada ponto final abre espaço para uma nova frase.

Aprendo que tudo passa menos o movimento. É nele que podemos pousar nosso descanso e nossa fé, porque ele é eterno.

Aprendo que existe uma criança em mim que ao ver meus filhos crescidos, se assustam por não saber o que fazer. Mas é muito melhor ser livre do que imprescindível.


Aprendo que é preciso ter coragem para voar e deixar voar.
E não há estrada mais bela do que essa. 

Quando os filhos voam...- Por Rubem Alves

2 comentários:

  1. Eliene, querida amiga!

    Embora não tenha filhos, por opção, creio que já falei isso pra você, entendo, quase que perfeitamente, aquilo que todas as mães sentem, qdo veem "voar" seus filhos. A minha, quase se "anulou".

    O texto de Rubem Alves está mega real, mas ele é homem e talvez pai, mas síndroma do ninho vazio é diferente para mãe.

    Espero que você esteja melhor, bem humorada e com ânimo.

    Beijos e dias bem felizes.

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  2. Verdade... mas para as mães não é nada fácil ver os filhos voarem... só acho...

    Estou voltando a postar e visitando as amigas blogueiras para matar a saudade... Passa lá no meu Infinito...
    Beijinhos
    Cris

    ResponderExcluir

Para você tudo de bom e um carinho sempre novo em agradecimento pela sua presença no fim do arco iris. Abraços.

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