Mensagem do dia

24 junho 2017

A minha festa junina

Dizem que recordar é viver, e quando são coisas boas de ser lembradas, oh! Vale a pena “ver” de novo.

Dentre todas as festas que coloca o Brasil como o maior país festeiro do mundo, uma me traz muitas e boas recordações que são as festas juninas no meu tempo de criança, até perder o meu esposo no dia 24 de junho.
Olhando o calendário brasileiro podemos observar que realmente existe em todo o seu território eventos que retratam costumes e tradições de acordo com a região do seu povo.  

Ah! E como tem festas... para todos os gostos e vontades.
Cheguei ao meio de uma muvuça em junho, dia primeiro, abrindo o mês de festas chamadas juninas, sem saber que logo de cara teria que encarar “zoadas e sons” estranhos ao que estava acostumada a ouvir... BUNS... E assobios dos fogos de artificio com seus coloridos dançantes no céu. Papai do céu disse: desce lá e arrasa. Você é única. E assim cheguei com festa.

Morávamos em uma rua que fica entre uma praça e a avenida beira mar no bairro da Ribeira, onde nasci me criei, ainda moro e daqui só quando papai do céu disser: volta que já é o bastante.

Cresci no meio da folia sem saber ao certo o porquê da homenagem e a escolha de três santos católicos (Santo Antônio, São João e São Pedro) para marcar os festejos do mês, já que os nativos que habitavam as terras brasileiras (os índios) também costumavam comemorar a boa colheita do milho, justamente no mês de junho, com iguarias a sua base e dentro das variedades estão :a pamonha, o cural, milho cozido, canjica, cuzcuz, pipoca, bolo de milho, arroz doce, bolo de pinhão, broa de fubá, maçã do amor, pé-de-moleque, vinho quente, quentão e muito mais.

Lembrando também do sertanejo, figura principal dessas comemorações, que tradicionalmente contribui consideravelmente com a sua representatividade em relação à imagem e sua própria maneira de ser e que fazia festa na sua plantação.

Pois bem... em relação aos santos populares a ideia nasceu lá em  Portugal, e correspondem aos feriados de Antônio, em Lisboa; de Pedro, no Seixal; e de João, no Porto, em Braga e em Almada.

Durante o período colonial as festas foram trazidas  de Portugal, para o Brasil, que sofrendo já sua influência  também dos chineses, espanhóis, franceses terminou por fazer parte das tradições de outros países como a França de onde veio a dança marcada que influenciou as quadrilhas, as boas quadrilhas, a tradição de soltar fogos de artifício da China; e a dança de fitas teria vindo de Portugal e da Espanha.

E aqui chegou, no nordeste ganhando características próprias de uma região, em uma interatividade com os costumes locais, onde as tradicionais festas acontecem em Caruaru (PE) e Campina Grande (PB),e já entre os dois estados existe  uma rivalidades por conta de não poder ser melhor.  Premio Hors Concours.

Por aqui...por lá, tem muitas curiosidades sobre as festas de junho: As roupas quadriculadas, remendadas e os chapéus de palha têm a ver com a realidade rural do Brasil, juntamente com a fogueira, a quadrilha, as promessas e simpatias para os santos, comes e bebes, bandeirinhas coloridas e muitas músicas caipiras (Web), mas o que me fez falar sobre é a saudade que sinto do meu tempo vivido na rua Padre gomes de Souza.

Uma época em que a pequena rua se transformava em um arraiá tipicamente nordestino rural, com suas bandeiras coloridas, milho e bacalhau apimentado assado na brasa, amendoim cozido e mesas fartas tendo de tudo um pouco.  Bolo de milho, pamonha, canjica, bolo de carimã, hum....só de lembrar...água na boca.

A vizinhança participativa cheia de alegria pulava a fogueira se tornando cumpadre e cumadre,  nem me lembro mais quantos eu fiz, com juras de que é para a vida toda.  Os vestidos de “caipira”, as caras pintadas, cabelos trancados jogados aos ombros e chapéus de palha, lá se ia pela noite adentro ao balancê das musicas de:
                    Olha pró céu meu amor...
                    Veja como ele está lindo...
                       Olha pra aquele balão multicor
                       Como no céu vai subindo....

A criançada cheia das típicas indumentárias, munida de madeira brasada, soltava fogos, traques, bombas, sob  olhares cuidadosos dos maiores.

Sou do tempo que podíamos ainda soltar balão, primeiro por não ter o conhecimento bastante sobre tão grande perigoso é, segundo pela própria tradição que tínhamos a muito e lá por volta das 11 horas o maior balão que meu irmão Ely podia fazer, subia sob os aplausos de nós moradores e os olhares curiosos dos visitantes, afinal a nossa rua já tinha história marcante de como era a nossa comemoração atraindo pessoas de outros lugares circunvizinhos para também participar conosco.

E assim todos pediam ao próprio céu que o recebesse intacto, bastante iluminado depois de meses de trabalho, no cuidado do corte preciso do papel, na combinação das cores, na colagem das folhas que com o passar do tempo ia ganhando forma e volume ocupando espaços.

Ah! Sempre aparecia alguém para ajudar. Ainda ontem estive com um, procurando saber de noticias e recordar um pouco. Sente saudades.  
  
A nossa casa sofria transformação para abrigar e acomodar o balão imenso. Valeu a pena. Depois de acessa a tocha e a claridade valorizar as imagens trabalhadas,  lagrimas e abraços de contentamento se faziam presentes.
Momento único e gratificante.  Sem explicação.

Lembro-me de alguns moradores, amigos do meu pai, Marialvo, Rubens, Rafael, Jobar, (fazia balões como ninguém) esses animavam a festa ao som da música e ao gosto do quentão. 

Minhas companheiras de jornada. Marcia Mendonça,  Maria ilza Mendonça, Ana Lucia e Ana Rita Nunes, Ângela leal...
de Brincadeiras e estudos. Amarelinha, bola de gude, passa anel, baleô, pula corda, pedrinhas, adivinhação, cozinhado, bonecas...

Etá saudades que doí no peito e na alma.

Mas como tudo na vida anda e toma rumos diversos só resta mesmo recordar e chorar. 

2 comentários:

  1. Oi Lyah
    Que lindas recordações e quantas emoções vividas
    O tempo passa e o baú da memória traz de volta a época da infância onde se era feliz
    Hoje tudo mudado os festejos são comedidos. Não existe mais a espontaneidade
    Resta então as doces lembranças minha minha amiga
    Beijos e um feliz domingo

    ResponderExcluir
  2. Olá Eliene:
    gostei muito de passar por aqui e encontrar toda esta explicação das festas juninas.
    o Brasil é maravilhoso por isso, tudo contribui para formar uma festa, várias etnias e tradições...
    cada um contribuindo de uma forma e todos comemoram juntos.
    isso não acontece em outros lugares, onde a intolerância é grande e as pessoas acabam vivendo em guetos , o que é muito triste.
    achei muito interessante o comentário da Gracita, é isso mesmo as festas são fabricadas hoje. Tudo tem um fim comercial e preparado e mundo gira em torno disso.
    não existe mais a simplicidade e espontaneidade de outrora..
    mas a verdade existe, ela pertence ao nosso Pai querido, e vamos sempre acreditar nisso e agradecer a oportunidade de ter conhecido festas tão alegres e inocentes !!
    grande abraço e uma feliz semana abençoada..
    :o)
    Eliane
    http://elianeapkroker.blogspot.com.br/

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Para você tudo de bom e um carinho sempre novo em agradecimento pela sua presença no fim do arco iris. Abraços.

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