Mensagem do dia

20 maio 2019

Síndrome do cuidador



 Já ouviu falar?  Eu não. 
Fui buscar ajuda e olha o que eu achei. 
Muito produtivo e relevante. Boa leitura.
Pois bem....Vivendo essa situação ........

Como seria ter um trabalho que ocupa às 
24 horas do nosso dia? 

Este é os casos de muitos adultos que se veem obrigados a desempenhar o papel de cuidadores de outra pessoa que se encontra em uma situação de dependência. Mas cuidado, porque este novo papel, sob certas circunstâncias, pode dar origem ao que é conhecido como a síndrome do cuidador.

A constante atenção que a pessoa saudável deve prestar à dependente pode gerar episódios de estresse de intensidade diferente. Este é um dos principais pilares desta síndrome, um dano colateral da prestação de ajuda em uma base contínua.

É um transtorno que, embora ainda seja pouco conhecido, apresenta diversos sintomas e consequências muito graves, tanto física quanto psicologicamente. Seu quadro clínico é parecido ao da síndrome do burnout ou do estresse ocupacional. A síndrome análoga em trabalhadores do setor de saúde é chamada de fadiga por compaixão

                                      Cuidador – Dependente
Essas pessoas tendem a ser responsáveis por outras que precisam de ajuda constante. Acima de tudo, aparece em adultos que precisam cuidar de pessoas com algum grau de alteração neurológica ou psiquiátrica. Pacientes com Alzheimer avançado, por exemplo, exigem essa dedicação e supervisão contínua.
Portanto, uma das principais características da síndrome do cuidador é o esgotamento no âmbito mental e físico dessas pessoas.
Seu esgotamento é tão grande que suas capacidades físicas, psicológicas e sociais são fortemente afetadas. Além disso, se o cuidador e o cuidado conviverem debaixo do mesmo teto, o desgaste gerado é mais rápido e maior, já que se torna muito mais complicado não transformar a atividade de cuidar no centro da própria vida.

                                        Papel imposto
Em termos gerais, uma pessoa não se transforma em cuidador de forma voluntária. Assim, na grande maioria dos casos, esse papel costuma vir imposto ou designado pelas diferentes circunstâncias de cada pessoa ou família. Por isso, esses adultos de repente se veem com um trabalho extra que surge de forma repentina e totalmente inesperada.
 Algumas pessoas estão muito preparadas para enfrentar esta nova situação e assume esse novo papel com bastante naturalidade. Outras não dispõem de tantos recursos e ficam imersas, desde o início, em um desafio que considera inacessível, sentindo-se oprimidas.

Elas veem seu novo papel como uma dificuldade insuportável e muito onerosa, como uma cruz potencialmente exaustiva. Em ambos os casos, o dependente se torna o centro de sua nova vida e passa a consumir a maior parte de seu tempo e energia.
Cuidar de alguém ser ter descanso, ou sem o descanso necessário, é um processo de desgaste. Mas é ainda mais complicado se envolver o abandono de si mesmo.

O normal é que, no processo, o cuidador vá assumindo gradualmente as novas tarefas que lhe foram atribuídas. Assim, é preciso criar uma nova rotina na qual a prioridade se torna a pessoa dependente. Gradualmente, ela deixa de ter tempo para si mesmo, relega sua independência e se abandona.
                                               Tempo livre
Em seu tempo livre, a pessoa renuncia aos poucos aos seus hobbies. Ela diminui o tempo que dedica às suas atividades de ócio e a conservar seus relacionamentos familiares. Além disso, ela vai fechando seu círculo de amizades ao passar cada vez menos tempo com os amigos. Assim, pode chegar a se isolar por completo do mundo exterior.

                                         Família
Nos relacionamentos familiares costumam surgir novos conflitos devido à adesão de um novo membro na família nuclear. A irascibilidade parece ser generalizada para todos os habitantes da casa, e as discussões aumentam. Também começa uma nova distribuição de tarefas que geralmente não satisfaz a todos por igual.

                                             Trabalho
Em relação ao trabalho, pode haver um aumento do absenteísmo, abandono de funções ou mesmo abandono do emprego. A situação financeira, portanto, pode ficar comprometida. Isso aumenta exponencialmente o nível de sobrecarga física e mental, já acumulado em si pela nova situação do cuidador.

Longe de diminuir, essa pressão e a luta contínuas vão aumentando dia após dia. Por isso, à medida que se prolonga no tempo, é mais difícil para o cuidador lidar com esse papel adquirido com frescor, entusiasmo e prazer. 
Começa a sentir cansaço crônico, insônia, além de mudanças no humor. Isso dá origem a sentimentos profundos de tristeza, ansiedade e preocupação constantes.

Em geral, essas mudanças que ocorrem na vida do cuidador são variadas e podem afetar tanto a curto, quanto a médio e em longo prazo.
Por se prolongar… aparece a síndrome do cuidador. 
No momento em que o cuidador some em uma rotina à qual não presta mais atenção, começam a surgir o estresse, a angústia, a fadiga e o esgotamento.

Este, portanto, é o terreno fértil para o surgimento da síndrome do cuidador. Além disso, aumenta a sua irritabilidade e impaciência. Também causa desmotivação, angústia, irascibilidade e até mesmo violência.
Como consequência, pode gerar uma série de atitudes e sentimentos negativos dirigidos à pessoa dependente. 
O cuidador pode sentir-se rejeitado em relação a ele, o que torna essencial que esteja ciente de que deve se proteger.

Por tudo isso, vemos como é importante prevenir o aparecimento da síndrome do cuidador. 

Não só porque afeta negativamente o cuidador, mas também porque pode diminuir a qualidade de vida da pessoa dependente. 
Portanto, essa alteração tem um duplo efeito que deve ser remediado, desde a consulta com um profissional até a busca de apoio nas tarefas de cuidado.



19 maio 2019

Conselhos de um geriatra

Estamos envelhecendo.
Não nos preocupemos! 
De que adianta, é assim mesmo.
 Isso é um processo natural. 
É uma lei do Universo conhecida como a 2ª Lei da Termodinâmica ou Lei da Entropia.

Essa lei diz que: “A energia de um corpo tende a se degenerar e com isso a desordem do sistema aumenta”. Portanto, tudo que foi composto será decomposto, tudo que foi construído será destruído, tudo foi feito para acabar. 
Como fazemos parte do universo, essa lei também opera em nós.
Com o tempo, os membros se enfraquecem, os sentidos se embotam. Sendo assim, relaxe e aproveite.
Parafraseando Freud: “A morte é o alvo de tudo que vive”.

O conselho é: Viva! Faça apenas isso. Preocupe-se com um dia de cada vez. Como disse um dos meus amigos a sua esposa: “me use, estou acabando!”. Hilário, porém realista.

Ficar velho e cheio de rugas é natural. 
Não queira ser jovem novamente, você já foi.
Pare de evocar lembranças de romances mortos, vai se ferir com a dor que a si próprio inflige.
Já viveu essa fase, reconcilie-se com a sua situação e permita que o passado se torne passado. 
Esse é o pré-requisito da felicidade.

“O passado é lenha calcinada. 
O futuro é o tempo que nos resta: finito, porém incerto” como já dizia Cícero.

Abra a mão daquela beleza exuberante, da memória infalível, da ausência da barriguinha, da vasta cabeleira e do alto desempenho, pra não se tornar caricatura de si mesmo. Fazendo isso ganhará qualidade de vida.

Querer reconquistar esse passado seria um retrocesso e o preço a ser pago será muito elevado. Serão muitas plásticas, muitos riscos e mesmo assim você verá que não ficou como outrora. 
A flor da idade ficou no pó da estrada. 
Então, para que se preocupar?! 
Guarda os bisturis e toca a vida.

Essa resistência em aceitar as leis da natureza acaba espalhando sofrimento por todos os cantos. Advêm consequências desastrosas quando se busca a mocidade eterna, as infinitas paixões, os prazeres sutis e secretos, as loucas alegrias e os desenfreados prazeres.

Isso se transforma numa dor que você não tem como aliviar e condena à ruína sua própria alma.

Discreto, sem barulho ou alarde, aceite as imposições da natureza e viva a sua fase. Sofrer é tentar resgatar algo que deveria ter vivido e não viveu. Se não viveu na fase devida, o melhor a fazer é esquecer.

Você não tem de experimentar todas as coisas, passar por todas as estradas e conhecer todas as cidades. Isso é loucura, é exagero. Faça o que pode ser feito com o que está disponível.

Quer um conselho? Esqueça. Para o seu bem, esqueça o que passou. Tem tantas coisas interessantes para se viver na fase em que está. Coisas do passado não te pertencem mais.

Celebre a vida, agora você tem mais tempo, aproveite essa disponibilidade e desfrute. Aceitando ou não, o processo vai continuar. Assuma viver com dignidade e nobreza a partir de agora. Nada nos pertence.

O que importa é o que está dentro de nós, a velha máxima continua atual como nunca: “quem tem muito dentro precisa ter pouco fora”.
Esse é o segredo de uma boa vida.
Dr. Joston Miguel

03 maio 2019

Um breve inventário de suspiros lá na minha terra.


Lá eu comi, rezei, amei.
Provei pititinga, umbu, mangaba, baião de dois, carne de fumeiro, farinha em todas as refeições.

Aprendi que punhetinha não é sem-vergonhice masculina, é o doce com canela mais bonito dos tabuleiros.
Manchei meu vestido de dendê.
Vesti branco para Oxalá nas sextas.
Vesti sol.

Vi o Ilê Ayê subindo a Ladeira do Curuzu, pensando que ele é mesmo O Mais Belo dos Belos. Recebi Nana como meu novo nome.
Calcei percatinhas na Ladeira do Couro.
Escrevi sete cartas de saudade e algumas dezenas de bilhetes.
Segui sambando, já que quem tem fé vai a pé, os oito quilômetros da Conceição da Praia até a Colina Sagrada, pedindo bênçãos ao Senhor do Bonfim nas escadarias banhadas com água de cheiro.
Descobri que “eu te amo você” é a melhor frase que uma boca pode pronunciar.

Fui ao Vila, velho! para aplaudir o teatro antropofágico.
Avistei caravelas sentada no topo do Morro do Cristo, mas era miragem.
Estudei o inestudável. Saí da fossa xingando em nagô.

Levei mudas de ipê e sibipiruna para plantar no Passeio Público. Pensei que esta cidade, feito a vida da gente, é caleidoscópica.
Fui pedida em namoro com o colar azul dos filhos de Gandhy. Aceitei.
Dancei forró em um quarto vazio.
Entendi que Magalhães é um sobrenome com passaporte ao céu e ao inferno.
Levei um puta dum calote.
Espiei a filmagem de uma cena de Ó Paí, Ó.
Soube que chegaria a hora de voltar pra Belo Horizonte.
Soube que meu namorado se mudaria pra Brasília.
Pesquisei a distância entre Belo Horizonte e Brasília.
Aprendi a lidar com mapas.
Tomei sorvete de coco queimado, mel e gengibre, nata goiaba, martinique.
Fiquei mordida de inveja todas as vezes em que ouvi Toda Menina Baiana e prometi a mim mesma que hei de ser mãe de uma.
Aprendi a gostar de pôr do sol.

Descobri que em 1668 um galeão naufragou perto do Rio Vermelho e que encontraram um pingente de azeviche, decerto de um marinheiro, com Luysa gravado dentro de um coração.
Me senti como Luysa, esperando um marinheiro no cais.
Chorei por Luysa e pelo marinheiro, quase 350 anos depois.
Compus uma canção sobre Luysa e o marinheiro.

Assisti à missa das dez do domingo no Mosteiro de São Bento, muito tentada a pecar ao som do canto gregoriano dos monges.
Vibrei música na Concha Acústica.

Conheci a santa palavra de Edson Gomes e também chamei a liberdade de Lili, dona Lili.
Conheci gente de derreter o peito.
Entendi que sou jovem, morena, cintura fina e quadris largos, e que este é o maior milagre temporário que existe.

Brinquei o carnaval do Pelô nas ruas de pedras de dor e alegria. Espirrei durante um dia inteiro, alérgica e alegre, nos sebos e antiquários da rua Rui Barbosa.

Gritei “bora Bahêa” esperando alguém completar com “minha porra”. Joguei flores nas águas na aurora do 2 de fevereiro para saudar Iemanjá, Inaê, Janaína, Dandalunda, Princesa de Aiocá, invocando todos os seus nomes.

Ouvi blues no D’Veneta.
Olhei nos olhos da morte depois de beber Príncipe Maluco.
Temi o mar. Desejei o mar.

Misturei cheiro de sal ao meu cheiro de minério de ferro.
Mas, sobretudo: houve (e há) um baiano comigo.
“Porque ainda que eu cantasse como Maria Bethânia e guerreasse como Maria Quitéria, ainda que eu cozinhasse como Dadá e pintasse como Carybé, ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria.”  

Quer saber onde é lá?
Só pode ser em Salvador/ Bahia. 
(MARIANA CARDOSO DE CARVALHO)


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