Dividindo com
vocês as palavras da Srª Eneida Souza Cintra – Psicóloga
Boa leitura.
O
"velho" como contador de histórias.
Embora querendo me
dirigir à terceira idade, começo fazendo uma retrospectiva e um paralelo entre
os atuais “sessentões” e os “trintões”.
Existem verdades
irrefutáveis:
Aos mais velhos:
todos foram bonitinhos, mocinhos,
“durinhos”, magrinhos.
Aos mais jovens:
todos chegarão às rugas, à calvície ou ao cabelo branco.
Durante este
processo, todos passaram do riso infantil à contestação da adolescência,
enfrentando o famoso conflito de gerações. Atingindo a fase adulta definimos
com um pouco mais de clareza nossos valores buscando dirigir a vida com maior
independência.
Ultrapassada estas
fases, há o preparo para a vida prática. Nesta época, é comum já estar-se em
companhia de alguém que, tendo feito um trajeto semelhante conseguiu seqüestrar
sentimentos afetivos, surgindo o desejo do compartilhar, inerente ao ser humano
tanto biologicamente como psicologicamente.
No entanto, embora
todos tenham passado por estas etapas e outros ainda o farão, noto uma grande
diferença entre estas duas gerações enquanto esforço para ultrapassar estas
fases que devem ser sempre muito lembradas, até exaltadas pelos mais velhos:
– as faculdades em
menor número exigiam do candidato dedicação plena: não havia férias, feriados e
fins de semana
– em sendo a
classe média extremamente diminuta nem todos conseguiam atingir o patamar do
nível universitário; assim, a luta pela sobrevivência começava mais cedo: antes
dos dezoito anos já se trabalhava de estafeta, de vendedor, optava-se pelo
funcionalismo público para ser “escriturário”, pequeno comerciante, etc.
Absolutamente não
quero dizer que tenham desaparecido estas funções; apenas que as opções da época estavam mais
voltadas a este perfil quando viam inviabilidade de uma formação universitária.
Não havia a possibilidade de “esticar” a adolescência.
Com todo este
preâmbulo, o que quero dizer é que a responsabilidade sobre a própria vida, a
busca para sair do ovo materno, a luta pela independência me parece ser mais
pertinente à geração mais velha do que a atual, pois não se tinha possibilidade
de escolha: ou ingressava-se rapidinho no terceiro nível ou ia-se trabalhar
para ajudar tanto a família como a si próprio constituindo novo núcleo.
Sobressaio isto
porque não é incomum a tendência do mais velho olhar para trás e pensar naquilo
que poderia ter feito e não naquilo que de fato produziu, fez, lutou.
O fato de estar,
algumas vezes aposentado, leva-o a viver e sentir apenas o presente
ajuizando-se sem utilidade, rejeitado por não mais produzir, empurrando-o a um
estado deprimido.
Não quero denegrir
o jovem atual, mas gostaria de lembrar aos mais velhos o quanto se sobressaiu
no decorrer da vida, o quanto se doou para chegar ao sustento da família, o
quanto valor existiu na luta, quantas passagens difíceis foram superadas, com
que orgulho deve olhar para os descendentes sabendo-se colaboradores maiores
desta juventude, mesmo estando os filhos entre aqueles que não tendo obtido o
êxito esperado, mantém os pais como provedores.
Meu convite é para
que todos pensem nas suas vitórias, nas suas origens, nas transformações que
propiciaram na vida dos outros, na própria vida e a grande colaboração que
fizeram junto à sociedade.
Colaborando com
este quadro, a sociedade esquece que os benefícios que vivem no presente,
devem-se ao passado construído por aqueles que estão com idade mais avançada.
Ao invés de
colherem informações, de exaltarem as construções feitas nos mais diversos
setores e transformarem o “velho” numa escola de aprendizes, além ignorá-los, não é incomum imprimir-se um tom
de menosprezo.
A pouca
valorização é injusta principalmente por ser regra da natureza a passagem por
todas estas etapas.
Não querendo
absolutamente denegrir o trabalho de historiadores (pelo contrário, exalto-os),
é muito interessante ouvir as experiências vividas, é muito rico tomar
conhecimento através de depoimentos de quem viveu a história com os detalhes
que envolvia família, preocupações, atitudes tomadas, mudanças que precisaram
acontecer mediante algum fato significativo (política, revoluções, o
aparecimento da tecnologia, as transformações de hábitos sociais,)etc.
Poderíamos dizer
que o que estudamos nos livros seria completado com o relato oral ou com um
registro “caseiro” que vem certamente carregado de emoção.
Treinar o ouvido
atentando às informações que o idoso tem a ofertar é, não só benefício para ele
que se sentirá sustentado e apoiado como também fonte riquíssima de
aprendizagem podendo-se fazer paralelos entre o hoje e o ontem.
Faz-se necessário
enaltecer a todos que, em relação aos anos vividos, relembrar com satisfação o
que fizeram, imprimir alegria nas
conquistas, olhar o que passou carregado de satisfação.
Façamos do “velho”
um grande contador de histórias! Todos terão
muito a ganhar!
Que texto lindo e verdadeiro e que todos saibam passar pelas suas fases da vida, uns respeitando e valorizando os anos dos outros! Adorei! bjs, chica
ResponderExcluirOi Eliene..quanto tempo? Tudo bem?
ResponderExcluirEhh os tempos passam, mas é difícil olhar para o futuro sem olhar para trás... algumas lembranças boas e outras nem tanto... mas vamos confiantes em Deus...
Um grande beijo e aparece no Infinito...
Cris