"Pai,
eu vou bem, eu vou indo..."
Olhei
ao meu redor, mesmo tão pequenino entendi o que acontecera. Pude ver a todos
porém dei por falta de você. Então chorei
Ainda
lembro-me de como vibramos com nossa
seleção naquela Copa, mesmo na situação em que você se encontrava e eu sem
noção do quanto aquele seu momento era delicado. Mamãe me poupou de te ver
partir, e naqueles dias de férias da escola fiz a viagem que me isentaria de
presenciar tal momento; no entanto tive que voltar naquele dia em que nosso
time perdeu o jogo para a Argentina, saindo da Copa, enquanto sem eu saber você
saia da vida.
Meus
tios trouxeram-me para que me despedisse; seus amigos me confortaram dizendo
que Papai do Céu cuidaria de mim a partir de então, e mesmo em sua despedida,
só vim perceber o impacto daquele acontecimento quando chegamos em casa e você
não estava.
Eu
tive que prosseguir sem você. Restou-me a alegria de tê-lo comigo durante meus
primeiros sete anos de vida e guardar no peito as lembranças do que vivenciamos
juntos.
O tempo passou, e mediante tudo que passei eu muito
venci. Estou cuidando de nossa rainha, da tia-avó e de nossas meninas (Diga-se
de passagem que elas aumentaram nas gerações que seguiram após sua partida)
mesmo tendo sido seu último rebento e ainda agreguei mais uma para fazer parte
de nossa família. Estou fazendo o melhor que posso.
Fico feliz em saber o quanto sua fé cresceu e
manifestou-se perante todos os que te acompanharam naqueles tristes dias. E por
meio da minha creio que Deus o guardou para um dia, que tanto anseio, nos encontrar.
Tanto tempo já se foi desde aquele dia em que foi embora,
mas o tempo não tirou você de mim, meu pai.
Escrito pelo meu filho no auge da nossa saudade.
In memorian José Carlos Bittencourt, o meu companheiro de jornada, falecido em
24/06/1990.
Com permissão do autor.
http://www.marcusbittencourt.com/
Emocionante e linda homenagem...Saudades, dor ficam pra sempre e nessa data afloram! bjs, chica
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